Queria deixar meu comentário sobre o que tem havido na USP...
Não concordo com a greve como forma de protesto. As greves eram feitas nas fábricas para parar as linhas produção e consequentemente não gerar lucro para os donos das fábricas. Não entendo como a paralisação da produção de conhecimento possa afetar a senhora reitora.
Concordo com a decisão dos professores em pedir a renúncia da reitora que até agora não se manifestou e simplesmente colocou a PM para acabar com o protesto. Foram 200 professores, mas a USP tem muito mais professores que poderiam se manifestar. Aliás, é sempre isso que acaba acontecendo, as faculdades de Humanas param (nem todas), enquanto o resto das faculdades continuam alheias ao movimento. Acredito que talvez, se todas realmente parassem, uma solução seria tomada de forma mais rápida, mas aí entram outras questões, como os investimentos externos e aí já cairia em outra discussão sobre a "privatização" das faculdades.
Lembro que quando estudava na psico, sempre havia discussões sobre as greve, se eram legítimas ou não e o que poderia ser feito. Na greve de 2004, os alunos aderiram e, por conseguinte, os professores também, mas no final, quem levou a pior foram os alunos, pois os professores não queriam repor aulas (as aulas foram repostas em dezembro e janeiro) e esses mesmos professores, quando estavam "em greve", continuaram com seus trabalhos de pesquisa e aulas da pós, ou seja, apenas a graduação parou e bem se sabe que, para alguns professores, dar aulas na graduação é um verdadeiro estorvo.
Eu sei que no final acaba virando uma baderna, se chegar para as pessoas na manifestção e perguntar porque estão lá, cada um dará uma resposta. Sobre essa greve já ouvi falar que é por conta do reajuste de 16% que a reitora não quer dar, pela volta do companheiro Brandão, pelas mudanças da fuvest, contra o ensino a distância e por aí vai...
Não concordo com a invasão da reitoria, que acredito que foi feita por alguns vândalos infiltrados na manifestação, mas também não concordo com a PM no campus, aliás, enquanto fazia plantão na PM, quando estava no LEFE, cheguei a ouvir de policias que os alunos da USP são todos um bando de almofadinhas arruaceiros, por outro lado, poderia pensar que todo PM é violento e corrupto, sei que não são. Fico pasma pelo fato do governador não tomar nenhuma atitude, não tentar intervir nas negociações, ainda mais ele, que já foi presidente da UNE. Não tomou nenhuma atitude na outra greve e repete o comportamento novamente.
Os serviços da psico estão parados, estou fazendo aprimoramento em Orientação Profissional e as triagens iriam até junho, mas pararam com a greve, assim como os atendimentos, apenas quem já tinha começado é que seguiu. Ou seja, com a greve, quem se prejudica? A população que poderia ser atendida, os alunos que não estão tendo aula, a produção e difusão do conhecimento que está parada... por isso que acho que a greve não é a melhor forma de reivindicação.
As greves sempre se iniciam com os funcionários e depois se espelham entre professores e alunos. Enquanto estão em greve, os alunos ficam sem lugar para comer, sem meio de transporte, sem bibliotecas... será por isso que muitas faculdades terceirizam os serviços, porque daí essa pessoas não podem entrar em greve (ih, já dá outras discussão) e sem esses serviços, os alunos acabam aderindo pra ver se acaba logo pra que se possa voltar a estudar.
Tenho visto comentários na internet, comentários bastante agressivos dizendo que os funcionários deveriam estar satisfeitos por serem funcionários públicos e terem estabilidade no emprego, xingando os alunos que estão em greve etc., xingando a polícia que bateu nos alunos... e daí volta a generalização...
No projeto do Vitor, os funcionários não pararam, os estagiários também não, mas são todos pró-greve. Aliás, e greve atrapalhou o seminário que eles estão organizando, que seria no MAC e às pressas, tiveram que mudar pro MASP por falta de segurança no MAC. O problema é que MASP não tem internet e a inauguração da Biblioteca Digital seria e será feita lá, só não sei como. Parece que a reitora estará lá, ou seja, não tem tempo ou não quer negociar com os funcionários, mas pode estar na inauguração da biblioteca digital e quer o nome dela na plaquinha que estará na biblioteca física quando inaugurar...
Com certeza, sou contra a reitora, mas também sou contra a greve, sou contra a polícia invadir e sou contra o governador não tomar nenhuma atitude.