Ausência
Carlos Drummond de Andrade
Por muito tempo achei
que a ausência era falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo,
não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a branda, tão pegada,
aconchegada em meus braços
que rio e danço e invento
exclamações alegres.
Porque a ausência,
essa ausência assimilada,
ninguém a rouba de mim.
Quem me madou este poema foi minha Coach Cândida. Acho que ele representa bem o que tenho sentido, não só eu, mas todos em casa e na casa em que ela morava. Temos sentido muito sua ausência: quando saíamos de casa de manhã e a víamos no portão ou caminhando na rua e parávamos para dar bom dia e ela sempre alegria respondia. Quando ia na sua casa, ela sempre me oferecia alguma coisa pra comer. Quando ia me cumprimentar, sempre dava uns tapas seja no rosto ou nas costas e dava risada.
Tenho saudades das comidinhas dela: doce de abóbora, amendoim com chocolate, bolo de cenoura, bolinho de chuva, arroz branco temperado, pastel de carne. Tenho saudades da época em que passava férias no Ipiranga e fazíimos caminhadas no museu. Ela andava bem rapidinho!
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